A Wolkengedanken está com dificuldades de tempo para me mandar um e-mail que falta, mas entretanto já escreveu um post, de resposta ao meu anterior, no blog dela (repito : quem quiser tem o respectivo link na margem esquerda deste). De modo que resolvi começar já a responder (salvaguardando as hipóteses de alterar ou acrescentar quando me parecer apropriado).
Começo pelo fim (até porque está em maiúsculas...). Acho que cais na esparrela cartesiana/ocidental de pensar em termos de ou/ou. Ora a sabedoria leva-nos a pensar em termos de e/e. Nem calculas a quantidade de falsos dllemas que se resolvem dessa forma ! E é tão simples ! Há tempos para... e tempos para...
Quanto à filosofia versus religião, se afinal para ti tanto faz então não há mais nada a dizer (mas mantenho o que escrevi...). Registo que aceitas o "religare".
A "atenção", o concentrar-se no presente : com certeza. Desde que...; mas tu sabes !
A meditação : como dizes, "a fantástica dignidade em aceitar com carinho a própria forma de ser, de pensar e de sentir..." -- é isso, e tudo o que acrescentas a esse respeito está certo ! Dizes que náo pretendes que já consegues, que não é fácil, etc.. Tudo bem ! Como dizes : "Mas vejo o caminho ! " , É o que importa !
Quanto ao resto : já te respondi com a alternativa ou/ou, e/e.
Vou já publicar isto, assim mesmo (e continuo à espera do e-mail...)
:))
Aviso à navegação : quem quiser seguir este "folhetim" terá que saltar entre este blog e o francês -- ver post [48] (mas como já veritiquei, pelo contador por países, que no meu blog francês tenho mais visitas de portugueses que de franceses, isso não deve constituir dificuldade de maior). E quem quiser seguir mesmo, terá também que ir ao blog de Wolkengedanken, o que será fácil recorrendo ao respectivo link na lista de links de blogs deste mesmo.
Indo à matéria.
Pelos vistos, o que começou por ser um percalço ( não conseguir escrever um comentário sem o apagar e, daí, escrever um post) tornou-se um modo. Pois que assim seja. O que começou como uma conversa a dois torna-se uma troca de impressões pública. Tudo bem !
Começando pelo livro : é esse mesmo. Até a capa tem o mesmo aspecto gráfico !
Quanto ao outro : trata-se de uma tradução do tibetano, mas a versão que eu tenho foi traduzida do americano. O título completo é : The Tibetan Book of the Dead ; the Great Liberation through Hearing in the Bardo.
Mas acho que o mais importante é mesmo aquele que tu tens.
Voltando ao tema filosofia versus religião, remeto-te de novo para o Lama Denys (post [21] do bl. fr.). No que me toca, foi fundamental a afirmação . "Não há credo, nem há dogma, nem há Deus". Ou seja , nada a ver com as três religiões do livro (ou reveladas). Mas tenho em conta a origem etimológica do termo : religare (que eu prefiro usar com traço de união : re-ligar). Neste momento, em que nem sequer nos conhecemos, o que é que me liga a ti : é o budismo (haverá outros aspectos de entendimento, comunicação de inconsciente a inconsciente, sei lá...). Mas o budismo é a nossa re-ligião/ligação.
O que é para mim : foi um encontro comigo mesmo. Foi o resultado, ou o termo, de uma "busca" que resultou de uma "crise" (tem que ser entre aspas, porque todos os termos são maus...). Quando "encontrei" o budismo (detesto os ismos, prefiro chamar-me búdico...) senti que toda a vida tinha sido búdico sem o saber ! E foi muito naturalmente que dei os passos seguintes (que creio que já te referi).
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Vou voltar ao teu post, para ver se deixei escapar alguma coisa, Até já...
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O intervalo foi maior do que o que pensava. Entretanto meteu-se ver o teu novo post e comentá-lo. E depois foi o jantar e um pouco de telejornal. E mais isto e aquilo... Com a diferença horária entre a Áustria e Portugal, se calhar já não lês isto hoje. O que me chateia porque fico em pulgas para ver a tua reacção...
Creio que me facilitou considerar-me búdico o nunca ter sido católico. O que náo é muito usual num país de tradição e predominância católicas. Mas foi uma das minhas heranças paternas (a outra foi a política, onde, com as devidas adaptações dos tempos, guardo as tradições paternas -- ambos fomos presos, etc.,etc.). De resto -- é engraçado -- a minha total ausência de sentimento religioso facilita-me as relações com os católicos , mais até do que com os ex-católicos, porque não tenho nenhum passado de que tenha que me libertar.
Voltando à tua questão básica : se me perguntares se o budismo é sobretudo uma religião ou uma filosofia, a minha resposta é : é sobretudo uma filosofia de vida, uma sabedoria (termo de que gosto muito).
E com isto creio ter respondido a todas as tuas questões. Rezo ao Senhor (valha-me Deus...) para que ainda leias isto hoie !
:)))))))))))))))))))) Zé-Carlos
Tenho desleixado muito o Dharma, aqui. É a altura de o retomar.
Vou servir-me da parte de perguntas e respostas dum ensinamento dado, na Sorbonne, pelo Lama que actualmente é designado por Lama Denys Rimpoché. Assim, no que se segue, P designa uma pergunta e L anuncia a resposta.
A sessão de que extraio estes excertos teve por título "O Dharma do Buda, uma via de amor e de conhecimento".
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P : O budismo é uma filosofia ou uma religião ?
L : Isso depende das definições que damos aos termos filosofia e religiáo. O que entende por religião ?
P : A religião é geralmente fundada sobre um conjunto de crenças, de dogmas e de formas que mantêm uma relação com uma pessoa -- seja esta revelada ou imaginada -- enquanto que uma filosofia parte dum raciocínio, duma observação e daí deduz um comportamento, um caminho. Neste caso, não se lhe chama religião.
L : Segundo a sua definição, responderei sem ambiguidade que o budismo não é uma religião, é uma filosofia.
P : É exactamente o que eu pensava !
L : No entanto, o problema é um pouco mais complexo. A definição que dá da religião é, em minha opinião, uma definição teísta restrita. Se se entender religião no sentido etimológico de o que nos une, o budismo é uma via que nos liga à natureza pura da mente ou, numa formulação diferente, o que nos liga à realidade essencial. Se o entendermos assim, é uma religião : é uma questão de definição.
P : Qual é a definição da espiritualidade no budismo ?
L : O termo espiritualidade não é verdadeiramente uma expressão tradicional do dharma : não existe nem em sânscrito nem em tibetano. É de facto uma noção muito ocidental. Mas para responder ao espírito da sua pergunta, a atitude espiritual, na perspectiva budista, é a dum trabalho que se faz sobre si mesmo a partir das suas experiências e das situações com que nos defrontamos -- trabalho que permite eliminar todas as formas de condicionamentos, de ilusões e de sofrimentos do espírito egocentrado. A espiritulidade é a saída da confusão do ego.
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P.S. -- Desculpem o desconchavo da impressão. O computador hoje, mais ainda do que habitualmente, teimou em não me obedecer. Para não ficarmos todos a ver navios, nem eu perder mais umas horas com ajustamentos, vai assim mesmo. Desculpem...
A julgar pelos comentários, isto de andar "à balda" resulta... Estou noutra noitada (neste momento são 5,30 mais coisa menos coisa).
Mas hoje ando a remoer numa ideia. Em termos imediatos resulta de uma observação de uma "amiga".
Parentesis : é espantoso como a blogosfera passou a ter um lugar tão relevante na minha vida actual. E nem sei se será muito saudável !
Voltando à tal ideia : em palavras simples pode formular-se pela contraposição Ocidente/Oriente. Quem acaso siga o meu blog não se espantará com esta questão, tal tem sido a minha insistência no tema do Dharma. Mas isso não evita que me interrogue sobre até onde é legítimo, apropriado, adequado, pertinente, etc, etc., abordar aqui estas matérias. Em primeiro lugar, em termos "internos" : p.e. um budista é suposto não fazer proselitismo. Isto é : responde, se questionado, mas não faz missionarismo. Em segundo lugar, em termos "externos" : será que do que tenho dito (escrito) resultará algum esclarecimento útil para quem me lê ?
Creio duro como ferro que do conhecimento das sabedorias orientais resultará um enriquecimento notável para as mentes ocidentais (ora aqui está uma boa ocasião para "vender" a minha cultura combinatória, agora à escala civilizacional...). Mas terei "comprador" ? E um blog será um meio oportuno para este fim ?
A Net passa por ser a via aberta para todas as mensagens. Mas como medir a sua eficácia em cada caso ? Pelos comentários ? E quem lê mas não se dá ao trabalho de comentar ?
Retomando a díade Ocidente/Oriente, deixo um desafio a quem acaso me ler : digam-me (se quiserem, bastam duas ou três palavras) se acham que vale a pena continuar a ter nos meus temas o das filosofias de vida (não lhes chamo religiões pelos motivos que estão claros no vídeo do meu post [48] ) orientais.
E agora mudando completemente de assunto : política. (É difícil fugir dele neste fim-de-semana...).
Tive uma interessante troca de ideias com Sofia Loureiro dos Santos (como ainda não aprendi a meter links nos posts resta-me indicar que o seu blog se chama "Defender o Quadrado" e a tal troca está nos comentários ao post "Manipulações" de 31 de Maio).
Coitada da Drª Ferreira Leite... No que ela se foi meter ! Mas merece que se lhe reconheça a coragem. Quando já tem idade para deixar os outros andarem a sacanear-se, vem a terreiro e afronta a tarefa de tentar pôr de pé um partido que não tem ponta por onde se lhe pegue. Quem tem razões para estar contente é Sócrates. E Manuel Alegre que lá vai fazendo as suas movimentações. Quanto a Mário Soares, continua de pedra e cal. E Cavaco Silva, não posso deixar de me espantar com o que ele aprendeu desde a Figueira da Foz -- esperava bem pior.
Quanto a Santana Lopes a única coisa de que gosto nele é continuar a usar a sigla PPD -- nunca consegui engolir que um partido daqueles se intitulasse PSD. É preciso não saber nada de História Política para aceitar o dislate...
Já agora uma sugestão : ponham os jovens a estudar (além do inglês e da informática) um pouco de Ciências Políticas, a ver se, chegada a sua vez, fazem um pouco menos de asneiras que os mais velhos...
Por falar em jovens dou-me conta de que eu próprio caí na pecha que tanto censuro : mencionei mais os partidos do que os cidadãos (felizmente isso não aconteceu na tal troca de ideias que acima referi). Quando são os cidadãos que devem estar no cerne das nossas preocupações políticas. Os partidos, como todos os aparelhos, tendem a olhar para os seus próprios umbigos. As pessoas, para eles, são sobretudo votantes (a propósito : tens as quotas em dia ? estás recenseado ?), quando deveriam ser a primeira e última razões da actividade dos estadistas e outros detentores de cargos políticos. E que tal chamá-las a participar ? Há tanta coisa na "coisa pública" em que de mero objecto se pode passar a sujeito... Bastaria gastar um pouco da imaginação usada nas manobras de bastidores para criar espaços de reflexão e participação directa na resolução de problemas (políticos, pois então).
Também aqui um pouco de sabedoria oriental não faria mal nenhum. Porque, no fundo, é sempre de conhecimento que se trata. E a política exige uma subtileza que se enquadra muito bem nas filosofias do Extremo-Oriente.
Termino com esta nota sobre o conhecimento, no seu sentido mais lato. Porque ele é o alfa e o ómega da Vida.
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