Continuo a explorar as possibilidades que me são oferecidas pelo meu blog francês -- ou melhor : pela plataforma em que ele se insere.
Comecei por criar uma "comunidade".
Uma explicação prévia : lá, cada post é duplamente situado ou classificado.
Em primeiro lugar o autor escolhe a "categoria" que lhe quer atribuir (dentro de uma lista que ele próprio definiu e que serve para agrupar tematicamente os posts que publica).
Em segundo lugar escolhe a "comunidade" em que quer que ele surja -- o que condiciona parcialmente o público que irá primordialmente vê-lo. Para tal tem que se ter inscrito nessa comunidade, podendo fazê-lo em várias e podendo ser recusado pelo "animador" da comunidade (eu, por exemplo, já recusei um "blogueur" porque, antes de o aceitar, fui ver o blog dele e entendi que de todo nâo se enquadrava no espírito da minha comunidade, tal como está definido na sua descriçao e nas suas palavras-chave).
Por exemplo : eu criei a minha própria comunidade, de que vieram a fazer parte outros blogs, mas nem sempre publico lá -- depende dos conteúdos -- porque sou também membro de mais quatro. Digamos que as comunidades são. de certa forma, "especializadas" e constituem "redes".
Mas vamos ao que me traz aqui hoje. Explorando, como acima disse, as potencialidades da plataforma "over-blog", criei hoje um "forum de discussões" a que chamei "Sabedorias". Como o nome indica, o forum serve para discutir. Discutir o quê ? Com um título destes, praticamente tudo o que um grupo de pessoas queira discutir. Um forum pode comportar vários grupos, cada um com a sua temática específica. (Que pode ser até : não há tema, vamos "ao molho" e depois logo se vê...)
Mas uma coisa é obviamente necessária : pessoas.
E já agora a questão da língua. Num forum criado numa plataforma francesa é natural que a maior parte dos grupos use o francês. Mas nada impede que um grupo de portugueses se constitua como tal e decida discutir em português. Pela parte que me toca, como"administrador" (é assim que me chamam) do forum, não vejo nisso qualquer inconveniente.
Outra coisa : tudo isto é gratuito. (Como "blogueur" até posso, em certas circunstâncias, receber direitos de autor...Essa uma das razões -- não sei se já repararam -- porque tenho os meus dois blogs, o de cá e o de lá, protegidos por um copyright.)
Já estamos em Agosto, em plena silly season, nada é para se levar muito a sério. Para já. Mas vou lançando as minhas sementes e, na rentrée cá estarei para ver se recruto alguém para o "meu" forum.
Pensem nisso. Boas férias. E até à volta!...
P.S.-- Esquecia-me do mais importante : o endereço :
Acho que devo uma explicação.
Tenho publicado muito menos e, sobretudo, não tenho comentado da forma como costumava fazer.O motivo é simples. Desiludido com o fracasso da comunidade que criei no ORKUT (várias pessoas passaram por lá, mas só uma se inscreveu de facto) resolvi tentar outras paragens. E criei um novo blog em França. Devo dizer que é muito mais funcional que este nosso blog de cá
a) Não preciso de contador de visitas porque o próprio blog me fornece dados estatísticos muito completos, acompanhados de gráficos, repartição dos visitantes por origem dos contactos, dados dia por dia, médias, etc..
b) Nos comentários não preciso de estar a escrever o meu email, nem palavra-chave , nem códigos anti-spam. É só clicar no comentário e escrever.
c) Não precisei de ir a nenhum programa especial, tipo Orkut, para criar a minha comunidade. Crei-a no próprio blog. (E inscrevi-me também noutras.) Tudo muito simples e muito directo.
Podia continuar a enumerar vantagens. Mas acho que não vale a pena.
O que me faz falta é a rede de "amigos" que já tinha criado cá. Acabarei por criar outra lá (já comecei a receber comentários).
Mas não é minha intenção abandonar o meu caro primeiro blog ! Continuarei por cá. Andarei é um pouco repartido (embora eu não seja propriamente um Marco Paulo...). Cá e lá, lá e cá...
E agora é a altura de dar um salto até "lá".
P.S.-- Para quem eventualmente queira, fica aqui o meu link de lá.
Nota : algumas coisas são publicadas nos dois blogs...
Para os eventuais interessados, fica aqui o link do meu blog francês.
Até breve e boas navegações.
E um agradecimento muito especial às pessoas que me têm honrado com os seus comentários e os seus encorajamentos. A todos devo muito do meu empenhamento nestas andanças bloguistas. Continuarei atento, na linha da "busca" e dos valores que me têm norteado e dos quais não me afastarei.
Mantenho em aberto a comunidade que criei no ORKUT, e também lá espero pelos interessados nos debates em torno do conhecimento da realidade numa postura transdisciplinar.
Mas tenho de ser realista e não esperar aquilo que se não pode obter.
Bem hajam.
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P.S. -- Uma última nota : também abri conta, com o meu nome (ver perfil), no Sapo MESSENGER.
Abro o meu blog e dou-me conta de que há uma semana que não escrevo aqui.
É verdade que foi uma semana muito cheia (quem quiser ter um ideia pode ir ver a minha última resposta a um comentário de uma "amiga"no post anterior a este) e, de resto, muito cheia de computador. Só que com mails e não posts. Computador que me deu muitas chatices. Nem me atrevo a dizer os nomes que lhe chamei...
Mas houve um outro motivo para não escrever. É que estava expectante, a ver que reacções tinha ao que aqui escrevi sobre a transdisciplinaridade e à minha criação de uma comunidade com esse nome no programa ORKUT. Ora as respostas, aqui como lá, foram várias, mas a maior parte afinadas pelo mesmo diapasão : muito interessante, mas agora não tenho tempo, vou pensar e depois digo alguma coisa, etc., etc..Portanto neste momento o grupo confirmado é mínimo (nem justifica chamar-lhe comunidade).
Decididamente escolho mal os sítios para as minhas iniciativas. Provavelmente farei o que já fiz quanto à "cultura combinatória" (desisti de falar mais dela aqui e, no caso vertente, vou escrever um longo artigo para uma revista da especialidade.) Mas perco, com isso, aquilo que pretendia e que era ter um espaço de discussão viva de ideias, dinâmico e participado.
Na questão da transdisciplinaridade isso custa-me particularmente porque o quadro conceptual presta-se especialmente ao tratamento muito abrangente dos mais variados assuntos, nos mais variados campos, como decorre da Carta da Arrábida (que nem sei se alguém terá tido a curiosidade de ir "espreitar"...).
Para já, já quebrei o hábito do post quase quotidiano. Assim como a consulta compulsiva dos posts alheios. Não se estranhe, pois, a minha relativa ausência da blogosfera nacional. Neste momento -- e salvo reviravolta inesperada da situação -- vou andar mais por outras bandas . (Ah, já me esquecia : criei um blog em França. Talvez por aí consiga o que não obtenho cá.)
Saudações blogueiras e até mais ver.
Resolvi publicar este post para chamar a atenção para a existência do Instituto Mind and Life. Foi fundado em 1988, para assegurar a organização regular de encontros entre o Dalai Lama e cientistas ocidentais. De resto, esses encontros já vinham tendo lugar, mas um pouco ao sabor das circunstâncias. Assim, alguns dos participantes resolveram, sempre com o acordo do Dalai Lama, criar o que começou por ser o projecto Mind and Life.
O primeiro encontro decorreu em Outubro de 1987, em Dharamsala, na Índia (cidade onde o Dalai Lama tem residência desde que se exilou). Os resultados foram de tal forma encorajadores que se partiu para a criação do Instituto.
Embora tenham sido muitas as colaborações havidas para essa criação, existem dois nomes que é indispensável pôr em realce. Um é o do americano R. Adam Engle. Ele foi o primeiro Presidente do Instituto e teve a seu cargo a complicada organização logística dos encontros. O outro é o do chileno Francisco J. Varela. Doutorado em Biologia por Harvard, especializado em neurobiologia e epistemologia, trabalhando em Paris (C.N.R.S.), coube-lhe a coordenação científica dos trabalhos. Muito conhecido nos meios científicos por causa das suas publicações e dispondo de muitos contactos em várias áreas do conhecimento, ele trabalhou afincadamente para que os encontros Mind and Life fossem um sucesso, bem demonstrado pelos livros a que deram origem. Infelizmente faleceu há pouco, precocemente.
O nome do Instituto foi escolhido cuidadosamente para designar bem a interface, o mais frutuosa possível, entre a ciência ocidental e a tradição búdica. Dada a sua natureza, não é de espantar que os primeiros encontros recoressem sobretudo a especialistas das neurociências (o "nosso" António Damásio participou num deles) e das chamadas ciências cognitivas. Pouco a pouco os temas foram mudando e, a partir de certa altura, além dos filósofos, dos psicólogos, dos psicanalistas, dos linguistas ou dos antropólogos, encontravam-se também especialistas em astrofísica, em cosmologia ou em física quântica. No fundo, nenhuma área é dispensável quando, como disse o Dalai Lama num dos encontros, «(...) nós não aderimos ao sentido literal das palavras de Buda quando elas são refutáveis por uma prova válida».
Aqui convirá apontar duas precisões semânticas : a primeira é búdica, a segunda é ocidental. A búdica tem a ver com a palavra , em sânscrito, dharma. O termo é altamente polissémico : tanto significa o ensinamento (o Dharma do Buda), como o conhecimento ou a sabedoria, como ainda a via, o caminho, para os alcançar. E poderíamos continuar...
A segunda remete para um problema relativo ao francês. Com efeito, eles não têm substantivo para o nosso mente (ou o inglês mind). O equivalente francês é esprit. Existe o adjectivo mental (que, por vezes, é substantivado), mas o que é corrente é usarem a palavra esprit. Assim não podem distinguir entre mente e espírito. O que, quando está em causa o budismo, é particularmente lastimável. Voltando a citar um Lama (que, entretanto, foi "promovido" a Rimpoché -- para quem sabe o que isto significa...) : « O budismo não é materialista nem espiritulista, é realista e experimental ».
Completo com : no budismo não há credo, nem dogma, nem Deus.
(...) nós não aderimos ao sentido literal das palavras de Buda quando elas são refutáveis por uma prova válida .
Dalai-Lama
"O budismo não é materialista nem espiritualista, é realista."
(Lama Denis Tendroupe, sobre o Dharma)
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