Quarta-feira, 29 de Outubro de 2008

{121} Herberto Helder

Senti que não é justo "dar" o secreto Herberto Helder aos meus leitores franceses e não o fazer aqui. Ainda não tenho o livro recentemente publicado. Mas a tradução que comprei é uma edição bilingue. Assim não tenho que ir procurar no Poesia Toda e posso pôr neste blog o mesmo que ponho no francês. Vou, pois, transcrever um dos poemas dum livro que se chama O Amor em Visita.

 

 

Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra

e seu arbusto de sangue. Com ela

encantarei a noite.

Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher.

Seus ombros beijarei, a pedra pequena

do sorriso de um momento.

Mulher quase incriada, mas com a gravidade

de dois seios, com o peso lúbrico e triste

da boca. Seus ombros beijarei.

 

Cantar ? Longamente cantar.

Uma mulher com quem beber e morrer.

Quando fora se abrir o instinto da noite e uma ave

o atravessar trespassada por um grito marítimo

e o pão for invadido pelas ondas --

seu corpo arderá mansamente sob os meus olhos palpitantes.

Ele -- imagem vertiginosa e alta de um certo pensamento

de alegria e de impudor.

Seu corpo arderá por mim

sobre um lençol mordido por flores com água.

 

Por hoje ficamos por aqui. Amanhã haverá mais, que o livro dá pano para mangas.

sinto-me: Reconfortado
publicado por Transdisciplinar às 20:12
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