Sexta-feira, 11 de Abril de 2008

Fernando Gil e a transdisciplinaridade

Fernando Gil não é muito pródigo, na sua vasta obra, em considerações sobre a postura transdisciplinar. Mas nos seus dois livros que neste momento estou a reler (ambos são colectâneas de textos das origens mais diversas : artigos para revistas e enciclopédias, capítulos de livros colectivos, comunicações, conferências, participações em debates, intervenções em seminários, prefácios) encontrei várias referências de que aqui deixo alguns extractos.


A fragmentação das disciplinas anda a par de poderosos movimentos em direcção à unidade -- pensemos nos extraordinários efeitos de unificação gerados pela biologia molecular, pelas teorias dos conjuntos e das categorias ou pela «grande teoria» da unificação das interacções físicas fundamentais.


(Em Modos da Evidência,   1998 )      

 


(...) a elaboração  desse conhecimento «sistemático», intrinsecamente transdisciplinar que doravante coexiste com o saber disciplinar.

(...)

(...) Delattre desejaria sobretudo (...) demarcar «um conjunto conceptual coerente e válido para grupos de disciplinas tão largos quanto possível».

    É o que denominamos transdisciplinaridade  (...). Tratar-se-á de conceitos que actuam em várias disciplinas ou constituem o seu sustentáculo.


(Em Mediações, 2001 )

 

publicado por Transdisciplinar às 01:18
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Quinta-feira, 10 de Abril de 2008

Fernando Gil e a psicanálise

( Do livro Mediações,  pp. 197-198 )



A psicanálise não é parente do chamanismo. (...) Como toda a empresa científica, a psicanálise é «realista», ela visa conseguir uma imagem fiel -- a expressão é de Freud -- da dinâmica de uma psique, e um efeito terapêutico. É o psicanalista quem dirige o jogo (...) e o seu método, que obedece a regras, é genético («arqueológico» e «pré-histórico»). Os contributos respectivos do analista e do paciente estão definidos. (...) As construções são obra conjunta do analista e do paciente. (...) Pode haver erros nas construções (...). O trabalho analítico deve saber conduzir à correcção do erro. (...)

A sequência da análise -- convocando, ela, o aparelho conceptual psicanalítico -- revelar-se-á o teste da justeza da construção.


publicado por Transdisciplinar às 19:48
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