Sábado, 24 de Maio de 2008

[45] Morin e a linguagem : fragmentos

È necessário pensar cicularmente que a sociedade faz a linguagem que faz a sociedade, que o homem faz a linguagem que faz o homem, que o homem fala a linguagem que o fala.

(---)

A neuro-linguística, a neuro-psicologia (...), a socio-linguística mostram-nos a profundidade, a radicalidade, a complexidade do laço entre a linguagem, o aparelho neuro-cerebral, o psiquismo humano, a cultura, a sociedade...

       A linguagem depende das interacções entre indivíduos, as quais dependem da linguagem. Ela depende das mentes humanas, as quais dependem dela para emergir enquanto espíritos. É portanto necessariamente que a linguagem deve ser concebida ao mesmo tempo como autónoma e dependente.

(...)

(...) as palavras usuais são possémicas, isto é comportam na sua maioria uma pluralidade de sentidos diferentes que se encavalitam produzindo como franjas de interferência (metáfora que nos reenvia de novo ao holograma) ; segundo o contexto (da situação, do discurso, da frase), um dos seus sentidos exclui os outros e vem impor-se no enunciado ; uma vez mais, é o todo que contribui para dar sentido à parte, a qual contribui para dar sentido ao todo.

(...)

A linguagem está em nós e nós estamos na linguagem. Nós fazemos a linguagem que nos faz. Nós estamos, em e pela linguagem, abertos pelas palavras, fechados nas palavras, abertos sobre outrem (comunicação), fechados sobre o outro (mentira, erro), abertos sobre as ideias, encerrados nas ideias, abertos sobre o mundo,fechados ao mundo. Encontramos o paradoxo cognitivo maior : estamos fechados pelo que nos abre e abertos pelo que nos fecha.

 

 

(Edgar MORIN, La Méthode, 4. Les Idées.)

publicado por Transdisciplinar às 00:21
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Domingo, 27 de Abril de 2008

[30] Conhecimento

(...) o conhecimento é, ao mesmo tempo, prometido em novos desenvolvimentos e condenado ao inacabamento.


(...) a tragédia do pensamento condenado a afrontar contradições sem nunca poder liquidá-las. Além disso, para mim, esse sentimento trágico anda a par com a busca  de um meta-nível onde se possa «ultrapassar»  a  contradição sem  a  negar. Mas, de acordo com o   teorema de  Gödel  (...), o meta-nível não é o da síntese acabada : (...) estamos sem dúvida lançados na aventura indefinida e infinita do conhecimento.


Edgar MORIN,  O Problema  Epistemológico da  Complexidade.

publicado por Transdisciplinar às 17:11
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