Domingo, 8 de Junho de 2008

[55] Ainda vagueando...

O meu computador só me dá chatices. Hoje, para variar, não me deixa escolher nem o tipo nem o tamanho das letras. Mesmo assim vou continuar. Sairá como calhar.

 

O "Ainda" do título tem um motivo. É que pensava retomar a série "Ainda sobre o Dharma...". Para isso gastei uma boa parte do dia a reler (é mais fácil, já estão anotados) e a ler novos textos búdicos, para escolher citações que fossem apropriadas. Mas é difícil. Li muita coisa que me interessou (ou já me tinha interessado), mas daí a ser adequado para citar aqui vai uma grande distância. Devo ter escolhido mal os livros. Talvez tenha que ir procurar os que consultei no início da minha "busca". Mas como já se passaram uns bons anos, é capaz de não ser fácil.

 

Quanto ao "vagueando", o anterior saíu-me caro. Ontem estive tão zonzo que nem sequer escrevi aqui. De modo que deitei-me cedo (o que é muito raro) -- mas hoje levantei-me também cedo (o que é ainda mais raro...). Aproveitei para pôr em dia algumas respostas a comentários e fazer mais alguns deles. Além das leituras que já referi. Se calhar devia fazer isto (o levantar cedo) mais vezes.

 

Quem anda contentíssimo com a política (americana) é o meu filho, que é um obamista convicto (resultado de viver 22 anos em New York). O "Público" de 6 de Março até, a esse propósito, lhe dedicou a capa e duas páginas do Suplemento (com honras de chamada na 1ª página do jornal). Eu tenho andado um bocado mais partilhado entre a minha costela anti-racista e a minha costela feminista. Mas Hillary ter ido às primárias já é muito importante. Vamos agora ver quem é que Obama escolhe para Vice-Presidente.

 

Por falar no meu filho e em política, e por passarem os 50 anos sobre as eleições de 1958, o meu filho, que está a trabalhar com o neto-biógrafo do General num projecto cinematográfico, encontrou, no material de arquivo, uma fotografia minha a distribuir votos para o candidato Delgado no dia das eleições (também as coloquei, noutros dias, em caixas do correio, mas aí era mais discreto). Estava. com o carro do meu pai, a 100 metros dum local de voto (para quem não saiba, eram os eleitores que tinham de levar o boletim do candidato), com um grande cartaz, a dar votos às pessoas que os queriam e não os tinham.

Não vejo quem possa ter tirado essa fotografia a não ser a PIDE. Vá lá que, nesse dia, não fui lá parar. O mais longe que a polícia fez, foi levar-me até á esquadra da PSP mais próxima, onde tiveram que render-se à evidência, depois de uns telefonemas, de que eu estava dentro da legalidade. E lá tiveram que deixar-me voltar à minha distribuição.

 

E, por hoje, chega.

 

publicado por Transdisciplinar às 19:41
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Segunda-feira, 2 de Junho de 2008

[50] Continuando à balda...

A julgar  pelos   comentários, isto de andar "à balda" resulta... Estou noutra noitada (neste momento são 5,30 mais coisa menos coisa).

Mas hoje ando a remoer numa ideia. Em termos imediatos resulta de uma observação de uma "amiga".

Parentesis : é espantoso como a blogosfera passou a ter um lugar tão relevante na minha vida actual. E nem sei se será muito saudável !

Voltando à tal ideia : em palavras simples pode formular-se pela contraposição Ocidente/Oriente. Quem acaso siga o meu  blog não se espantará com esta questão, tal tem sido a minha insistência no tema do Dharma. Mas isso não evita que me interrogue sobre até onde é legítimo, apropriado, adequado, pertinente, etc, etc., abordar aqui estas matérias.  Em primeiro lugar, em termos "internos" : p.e. um budista é suposto não fazer proselitismo. Isto é : responde, se questionado, mas não faz missionarismo. Em segundo lugar, em termos "externos" : será que do que tenho dito (escrito) resultará algum esclarecimento útil para quem me lê ? 

Creio duro como ferro que do conhecimento das sabedorias orientais resultará um enriquecimento notável para as mentes ocidentais (ora aqui está uma boa ocasião para "vender" a minha cultura combinatória, agora à escala civilizacional...). Mas terei "comprador" ? E um blog será um meio oportuno para este fim ?

A Net passa por ser a via aberta para todas as mensagens. Mas como medir a sua eficácia em cada caso ? Pelos comentários ? E quem lê mas não se dá ao trabalho de comentar ? 

Retomando a díade Ocidente/Oriente, deixo um desafio a quem acaso me ler : digam-me (se quiserem, bastam duas ou três palavras) se acham que vale a pena continuar a ter nos meus temas o das filosofias de vida (não lhes chamo religiões  pelos motivos que estão claros no vídeo do meu post [48] ) orientais.

 

E agora mudando completemente de assunto : política. (É difícil fugir dele neste fim-de-semana...).

Tive uma interessante troca de ideias com Sofia Loureiro dos Santos (como ainda não aprendi a meter links nos posts resta-me indicar que o seu blog se chama "Defender o Quadrado" e a tal troca está nos comentários ao post "Manipulações" de 31 de Maio).

Coitada da Drª Ferreira Leite... No que ela se foi meter ! Mas merece que se lhe reconheça a coragem. Quando já tem idade para deixar os outros andarem a sacanear-se, vem a terreiro e afronta a tarefa de tentar pôr de pé um partido que não tem ponta por onde se lhe pegue. Quem tem razões para estar contente é Sócrates. E Manuel Alegre que lá vai fazendo as suas movimentações. Quanto a Mário Soares, continua de pedra e cal. E Cavaco Silva, não posso deixar de me espantar com o que ele aprendeu desde a Figueira da Foz -- esperava bem pior.

Quanto a Santana Lopes a única coisa de que gosto nele é continuar a usar a sigla PPD -- nunca consegui engolir que um partido daqueles se intitulasse PSD. É preciso não saber nada de História Política para aceitar o dislate...

Já agora uma sugestão : ponham os jovens a estudar (além do inglês e da informática)  um pouco de Ciências Políticas, a ver se, chegada a sua vez, fazem um pouco menos de asneiras que os mais velhos...

Por falar em jovens dou-me conta de que eu próprio caí na pecha que tanto censuro : mencionei mais os partidos do que os cidadãos (felizmente isso não aconteceu na tal troca de ideias que acima referi). Quando são os cidadãos que devem estar no cerne das nossas preocupações políticas. Os partidos, como todos os aparelhos, tendem a olhar para os seus próprios umbigos. As pessoas, para eles, são sobretudo votantes (a propósito : tens as quotas em dia ? estás recenseado ?), quando deveriam ser a  primeira e última razões da actividade dos estadistas e outros detentores de cargos políticos. E que tal  chamá-las a participar ? Há tanta coisa na "coisa pública" em que de mero objecto se pode passar a sujeito... Bastaria gastar um pouco da imaginação usada nas manobras de bastidores para criar espaços de reflexão e participação directa na resolução de problemas (políticos, pois então).

 

Também aqui um pouco de sabedoria oriental não faria mal nenhum. Porque, no fundo, é sempre de conhecimento que se trata. E a política exige uma subtileza que se enquadra muito bem nas filosofias do Extremo-Oriente.

Termino com esta nota sobre o conhecimento, no seu sentido mais lato. Porque ele é o alfa e o ómega da Vida.

 

publicado por Transdisciplinar às 05:27
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Terça-feira, 8 de Janeiro de 2008

CULTURA COMBINATÓRIA (2)

CULTURA COMBINATÓRIA (2)

 

      (Venho dar continuação ao post anterior com o mesmo título, que deixei incompleto por falta de tempo.)

 

       Antes de mais, é importante salientar que o conceito (o par conceptual) em questão não nasceu de uma elucubração em gabinete fechado, mas sim da necessidade de reformular o plano de análise de um projecto de investigação-acção, à medida que a equipa se via confrontada com os resultados das primeiras entrevistas aprofundadas efectuadas com intuitos exploratórios.

    O dito projecto realizava-se no âmbito da CIVITAS (Associação para a Defesa e a Promoção dos Direitos dos Cidadãos), em articulação com a já mencionada A.R.C.!.. Como o seu próprio nome indica, a vocação primordial da CIVITAS não é a pesquisa mas sim a intervenção. Mas tem a preocupação de não agir sem o conhecimento das características dos grupos-alvo. Daí a escolha, em casos como este, de projectos de investigação-acção.
       Na ocorrência, o trabalho em causa dizia respeito à "Dinâmica dos Laços Sociais nos Jovens Africanos e Timorenses Deslocados em Portugall". A iniciativa e a coordenação geral pertenciam a Helena Cidade-Moura, Vice-Presidente da CIVITAS (e que ocupava uma das Vice-Presidências da Liga Internacional dos Direitos do Homem).

        Quanto aos laços sociais, o enquadramento teórico era proporcionado pela A.R.C.!. e era o mesmo em todos os países em que os estudos se realizavam. Já o mesmo não sucedia com os traços culturais, em que se deixava a cada equipa, em função das particularidades de cada caso, o cuidado de definir o esquema conceptual a utilizar. O "núcleo duro" da equipa - todos os membros desta participavam, embora com diferentes graus de empenhamento, no trabalho de campo, por forma a terem bem presentes as características dos grupos abrangidos pelo projecto, mas as opções mais teóricas eram deixadas a esse núcleo, em articulação com o Conselho de Investigação da CIVITAS, que eu presidia - o "núcleo duro", dizia eu, discutiu largamente diversas hipóteses nocionais.

       A opção genérica da CIVITAS em matéria de populações migrantes é a do multiculturamo (ou do interculturalismo, consoante a corrente de pensamento que se tomar como referência). Mas qualquer destas noções é demasiado genérica para servir como variável operativa num plano de análise que obedeça a exigências de adequação e pertinência consentâneas com um mínimo de rigor conceptual. Assim, procedeu-se a uma pesquisa bibliográfica incidindo sobre estudos relacionados com agregados populacionais análogos ao nosso.

      À partida, a equipa preferia não utilizar a noção de aculturação, por lhe parecer demasiado eurocêntrica, pressupondo a ideia de uma cultura dominante (no sentido marxiano do termo) - para já não falar de assimilação que é claramente "colonialista". Encontrámos outras, como, por exemplo, "cultura de urgência", "cultura de sobrevivência" ou "cultura de resistência". Sem negar que eram apelativas, pareciam-nos redutoras, relativamente ao nosso caso, além de serem demasiadamente conotativas. Surgiu-me então a ideia de sugerir a utilização de uma noção mais simplesmrnte denotativa e, assim, apresentei à equipa uma proposta escrita, devidamente fundamentada, para a adopção de algo como cultura de tipo combinatório. Esta ideia foi largamente discutida e a noção de cultura combinatória veio a servir de referência conceptual para os trabalhos do grupo.

       De tal dei conta em artigo, escrito em francês, para o Bulletin de l'ARCI,em que relatava o andamento do projecto. (Por motivos editoriais, o artigo, que era longo, saíu truncado, e só circulou em versão integral, policopiada, entre os membros da CIVITAS e algumas pessoas próximas.)

    Mais tarde vim a desenvolver o conceito, acoplei-Ihe o outro termo da díade que apresentei no post que antecedeu este, e tomei muitas notas sobre as suas aplicações e especificações em diversas situações em que me parece apropriada a utilização deste par conceptual. Mas acabei por nunca publicar um artigo sobre esta temática. É essa lacuna que agora venho preencher (enquanto o não faço de forma mais académica) com a edição destes posts ..

 
   ( Este post já vai demasiadamente longo. Fica para um próximo acrescentar algo sobre os desenvolvimentos e aplicações. Até breve)

 

 

publicado por Transdisciplinar às 16:14
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