(Este post é a resposta a uma "amiga" que me perguntou como encontrar termos para designar compreensões novas.)
A questão em causa é : perante uma nova compreensão de um problema ou de uma situação, o que fazer para exprimi-la e transmiti-la de forma correcta.
O repertório lexical tem os seus limites próprios, nomeadamente no campo científico (em que não existe a liberdade poética). O que, diga-se, não quer dizer, bem pelo contrário, que não haja lugar para a imaginação. Esta é até bem necessária. Sem ela não haveria revoluções científicas nem sequer investigação digna desse nome (apenas meras aplicações).
Mas voltemos à questão lexical. Ela não é fundamental para a compreensão em si mesma : existe conhecimento pré-verbal (e, até, comunicação não verbal). Mas a linguagem é muito importante para a transmissão do conhecimento. E aí entram em jogo as articulações entre significantes e significados (deixemos, por agora, de lado os referentes). Essas articulações são mais complexas do que à primeira vista possa parecer. Para voltar ao exemplo da poesia : ela " brinca " permanentemente com elas. Coisa que o cientista não pode fazer. Isto é, pode (por exemplo o meu mestre Morin passa a vida a criar jogos lexicais), mas dentro dos limites que a comunidade científica define. :
Retomemos o problema que a minha amiga pôs . Pode ser reformulado da seguinte forma : o que ela pretende é encontrar um significante -- seja ele uma simples palavra, ou um sintagma mais complexo -- que corresponda ao significado (a compreensão nova) a que ela acedeu. Ora esta operação remete para duas questões que me têm acompanhado ao longo de toda a minha carreira de investigador : a da adequação e a da pertinência.
Ou seja, no caso vertente : a expressão que ela escolher deve ser adequada ao "objecto" em causa (i.e. deve denotá-lo/conotá-lo correctamente ) e pertinente, no sentido de corresponder às exigências comunicacionais da sua transmissão ou, por outras palavras, possuir valor heurístico suficiente -- mas isso levar-nos-ia para debates semânticos que seria despropositado estar a ter aqui.
Da mesma forma, não coloco questões de hermenêutica que se podem referir a propósito da adequação. Deixo só esta pista no ar. Como não me alongo sobre os problemas da validade interna (que dizem só respeito à consistência do discurso) ou da validade externa (relações entre o conhecimento e o real) ; estes últimos ficam parcialmente resolvidos se se tratar acertadamente a problemática da adequação.
Com tudo isto, acho que acabei por não responder às perguntas concretas que a amiga me fazia ! Irritado com o computador, acabei por fazer o gosto ao meu dedo conceptual... Mas ainda lhe deixo algumas achegas. Se quiser traduzir alguma palavra estrangeira faça-o. Ou então use mesmo a estrangeira, nomeadamente se for numa língua franca como é hoje o inglês. Se quiser usar um sintagma mais complicado, faça-o. Mas aí atenção : se possível, evite mais de duas palavras (p.e. um substantivo e um adjectivo) ou então utilize hifenização ; ou utilize prefixos ou sufixos.
Mas, por favor, não esqueça : adequação e pertinência !
E por aqui me fico.
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