Continuo com Pema Chödrön.
Um poema de Trungpa Rinpoché (...) diz mais ou menos isto : « O budismo não vos diz o que é falso e o que é verdadeiro, mas encoraja-vos a encontrá-lo por vós próprios. Aprender a não ser nem demasiado tenso nem demasiado relachado é uma viagem pessoal no decurso da qual se descobre a maneira de encontrar o nosso próprio equilíbrio.(...)».
Adoptar pontos de vista extremos é uma experiência muito comum ; e não é frequente que se encontre o meio-termo.
(...) A vida é uma viagem feita de encontros incessantes com os nossos limites..
Esta manhã vou falar-vos do tonglen, a prática que consiste em «dar e receber». (...) Quando se faz o tonglen, convida-se o sofrimento. É o que nos abre os olhos (...) : ver o sofrimento, ver o prazer, tudo ver com doçura e precisão, sem fazer julgamentos, sem nada afastar, tornar-se mais receptivo.(...) Fazendo esta prática despertamos o nosso coração e despertamos a nossa coragem.Quando digo «despertar o nosso coração», entendo que temos a vontade de não cobrir a parte mais terna de nós próprios.
A bodhicitta caracteriza-se pela doçura, a precisão, a abertura, a capacidade de simplesmente largar-de-mão e de se abrir. O tonglen tem por objecto específico despertar ou cultivar a bodhicitta, despertar o coração ou cultivar o coração corajoso. É como regar uma semente que pode florescer.(...) O que se passa verdadeiramente, é que o que estava lá desde sempre é descoberto. Praticar o tonglen varre para longe a poeira que recobria o tesouro que estava lá desde sempre.(...) Toda a gente tem isso, mas nem toda a gente tem a coragem de o fazer amadurecer.(...) Fazer o tonglen é um movimento para a maturação da nossa bodhicitta, para a nossa felicidade e para a dos outros.(...).
Tudo aquilo de que necessitamos para fazer o tonglen é ter feito a experiência do sofrimento e a da felicidade.
(Segue-se a explicação da técnica propriamente dita das etapas da prática do tonglen. Está fora de questão expô-la aqui.)
O capítulo seguinte é todo ele dedicado ao "tomar refúgio" nas chamadas três jóias. No post anterior (da série) já lhe fiz referência, a propósito do nome tibetano de Pema Chödrön.`É suficientemente importante para lhe dedicar um post próprio. De modo que, por agora, fico-me por aqui.
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